Pedro Cosmos
A INCRÍVEL E TRISTE HISTÓRIA DA CÂNDIDA ERÊNDIRA E SUA
AVÓ DESALMADA
Será que o fato de Cândida Erêndira
ter acordado com um candelabro ao lado, teria sido ela a causadora do incêndio
que destruiu a casa em que morava fazendo sua avó se vingar dela, obrigando a
neta se prostituir para pagar o prejuízo?
Baseado no conto de GABRIEL GARCIA MÁRQUEZ, de
1972, com adaptação de AUGUSTO BOAL, a dramaturgia de CLAUDIA BARRAL, traduzida
por CECÍLIA BOAL está em boas mãos.
O diretor MARCO
ANTONIO RODRIGUES, uniu uma trupe de atores, desprovido de egos, muito bem
preparados na estética de rua e circo, com composições perfeitas: GIOVANA
CORDEIRO, MAURÍCIO DESTRI, CHICO CARVALHO, DAGOBERTO FELIZ, GUSTAVO HADDAD,
MARCO FRANÇA, ERIC NOWINSKI, ALESSANDRA SIQUEYRA, CAIO SILVIANO, DANI THELLER,
DEMIAN PINTO, JANE FERNANDES, RAFAEL FAUSTINO para contar o sofrimento da
personagem título e as aventuras para se livrar das maldades da avó megera, que,
embora, seja surreal, o resultado é plausível.
A história de Cândida Erêndira produzida por LUQUE DALTROZO,
realização do SESI é muito bem produzida e contada com maestria. Na narrativa,
uma avó, fora dos padrões convencionais, obriga a neta a se prostituir, como
forma de se vingar da menina. Em meio as aventuras e desventuras, crueldade, poesia e
música o espetáculo ganha graça, se tornando um entretenimento prazeroso, a crueldade e a falta de afetividade são
ingredientes que perdem força na dramaticidade promovida pelos personagens.
O ator CHICO CARVALHO está se sentindo muito confortável ao interpretar
a Avó. Suas tiradas são impagáveis.
Emprega muita comédia, ironia a personagem e sem usar de amuletos na composição,
ninguém sente falta de uma atriz na personagem feminina, pois tudo cai feito
uma luva. A maneira que a plateia torce pela ajuda mágica que favoreça a
menina, torce para que a avó entre em cena, porque tudo se torna em um crescente graças a boas ações
dramáticas e cenas ricamente desenvolvidas com muita comicidade, tornando a personagem de grandiosidade ímpar.
GIOVANA
CORDEIRO vive a menina, em um trabalho tenso, profundo,
sofrido, um talento inquestionável surgindo nos palcos. Canta, interpreta e
convence com sua desenvoltura e entrega. A Parceria em cena com Maurício Destre, que vive Ulisses, o príncipe
que vem salvar a moça é louvável. Tarefa árdua é se livrar da velha para que
ele possa ter a moça em seus braços. O ator é muito bem vindo aos palcos e está
no caminho certo.
Merece destaque
o nosso grandioso ator DAGOBERTO, que conduz toda história com sua narração
majestosa, ressaltando carisma e com muita interação com a plateia.
Em fim, um
elenco de talentos, sendo desnecessárias impressões individuais, valendo
ressaltar que deve se prestigiar essa aventura e deixar as asas da imaginação
adentrar nas letras do grande autor Garcia Marques, que embora a obra seja de
1972, é contextualizada com os tempos atuais, fazendo-nos rir de nós mesmos.
Foto: Leekyung Kim
SERVIÇO – TEATRO
DO SESI – SP – Av. Paulista, 1313, Cerqueira
césar Tel.: 3146-7439. Quinta a sábados: 20h. Domingos: 19h. Ingressos:
Gratuito. De 05/09 a 08/12/19. Duração: 120 minutos.
Classificação: 12 anos. (Reservas antecipadas no site www.centroculturalfiesp.com.br (Abertas todas as
segundas-feiras, às 8h. Ingressos remanescentes serão distribuídos no dia da
apresentação, 15 minutos antes na bilheteria do Teatro.)
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