A GOLONDRINA
Pedro Cosmos
Depois do sucesso de
TOM NA FAZENDA, outra narrativa inserida na temática GLBT, abordando
a liberdade, diversidade e a aceitação, entra em
cartaz para deixar o nosso teatro ainda mais eloquente.
A GOLONDRINA - premiado texto do espanhol
GUILLEM CLUA, (A Pele em Chamas, O Gosto das Cinzas,
A Golondrina, Marburg, Invasão, Assassino, 73 Razões Para Deixar-te, Morte em
Veneza, No deserto, Smiley e Al Damunt Dels Nostres Cants), Celebrado recentemente na Espanha e em
Londres, é inspirada em atentado terrorista nos EUA, também é excelente,
muito bem escrito, de muito bom gosto e prende a plateia do início ao fim com
as interpretações dos atores TANIA
BONDEZAN e LUCIANO ANDREY, os quais dão vida aos personagens na melhor forma “Stanislaviskiana”
possível.
Foto de Jairo Goldflus
A peça mostra o encontro entre Amélia, uma severa professora de
canto, e o estudante Ramon, que a procura para melhorar sua técnica vocal com a
intenção de cantar no memorial de sua mãe recentemente morta. A música
escolhida tem um significado especial para ele e, aparentemente, também para
ela. Apesar de sua relutância inicial, a mulher concorda em receber o jovem em
sua própria casa e ajudá-lo e no decorrer da aula, os dois personagens vão
revelando detalhes de seu passado que se entrelaçam como num quebra-cabeças.
Foto: João Caldas Fº
TANIA está impagável no papel da severa Amélia, professora
de canto, que por meio de um encontro
transformador com o seu aluno, vê revelada a morte do seu filho, expondo
dissabores conflitantes que elevam o tom do espetáculo, graças a interpretação
acertada em um texto difícil, que requer muita emoção, busca interior e
compreensão do amor de ambos os lados, fazendo-nos tomar partido nas ações
dramáticas. “O que nos torna
humanos? Para Amélia (personagem de Tânia Bondezan) a resposta encontra-se na
capacidade de sentir a dor dos outros como se fosse nossa”. E este é o
sentimento que corre ao longo da espinha dorsal de A Golondrina.
LUCIANO, intérprete do misterioso aluno Ramon responde
a altura da personagem. Ator muito talentoso e seu duelo leva a um embate
perfeito promovendo cenas fortes, dignas de todos os aplausos.
Foto: João Caldas Fº
GABRIEL
FONTES PAIVA – o diretor, co-fundador do bem sucedido
Grupo 3 de Teatro, ao lado de Yara de Novaes e Débora Falabella, tem
construído uma carreira favorável no teatro. Como diretor esteve a frente de “Marte Você Está Aí?”, texto de Silvia Gomez, com Selma
Egrei, Michelle Ferreira e Jorge Emil no elenco, e em 2015 dirigiu “Uma Espécie
de Alasca”, de Harold Pinter, com Yara de Novaes, Mirian Rinaldi e Jorge Emil.
Sua direção é limpa, valorizando, sobretudo os atores.
TOM
NA FAZENDA (Vê serviço no blog) merece todo sucesso e A GOLONDRINA não faz por menos, também vai ter
uma carreira promissora. As duas apresentam narrativas atuais, promovendo muita
reflexão, mostrando inclusive, a função social do teatro em meio a tanta
contrapartida que por si só esse tipo de arte já oferece.
O espetáculo é produzido por RONALDO
DIAFÉRIA, TANIA BODEZAN E ODILON WAGNER, valendo muito a pena ser prestigiada. É
o teatro em boas mãos.