sábado, 29 de junho de 2019




Pedro Cosmos                         

COMÉDIAS FURIOSAS

O dramaturgo LEONARDO CORTEZ, muito notório pelos textos criativos Rua do Medo, Maldito Benefício, Sala dos Professores e do sucesso Pousada Refúgio, com várias indicações ao prêmio Shell, apresenta seu novo texto intitulado COMÉDIAS FURIOSAS, que embora tenha muito da tragédia, acaba ressaltando muito humor.

A peca conta com DANIEL DOTTORI, GLÁUCIA LIBERTINI E MAURÍCIO DE BARROS e o próprio autor no elenco. Todos em excelentes interpretações.


                                                                    Fotos: João Caldas Fº

MARCELO LAZZARATTO na direção, se sentiu em casa. Sem sombra de dúvidas é o teatro em boas mãos entendendo que teatro é feito para alguém.

Na narrativa, algo do cotidiano que causa muitas dores de cabeça, principalmente em se tratando da pressa nossa de cada dia. Ou seja, um enorme engarrafamento causa impacto na vida de  quatro personagens em comum, trazendo uma reflexão sobre a falta de comunicação. Uma profissional liberal passa a limpo sua relação com o marido no celular, mostra a atriz GLAÚCIA LIBERTINI no seu momento monólogo plausível. Um pintor recluso (CORTEZ) recebe a visita do Secretário de Cultura (DOTTORI) de uma pequena cidade do interior sem desconfiar das reais intenções do visitante, Um publicitário (MAURÍCIO) passa mal no engarrafamento e busca amparo no apartamento do seu sócio e, por último, um diretor de cinema tem a autoria de um de seus filmes questionada no dia em que recebe o maior prêmio de sua carreira. Este último, vividos por Cortez e Maurício mostra um duelo de gigantes.


                                                                    Fotos: João Caldas Fº

Segundo o autor “Para unir os universos de cada um, parti do tema da ausência do entendimento e da comunicação num momento em que paradoxalmente estamos cada vez mais próximos e conectados”.
                                                               Fotos: João Caldas Fº

As histórias são entrecortadas pela figura sinistra de uma cabra, símbolo de uma empresa de telefonia que encanta e aterroriza os personagens, imprimindo um tom de realismo fantástico às narrativas.

A montagem foi contemplada pela 8ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo - Secretaria Municipal de Cultura. Portanto, a trupe oferece com uma das contrapartidas, o acesso a democratização ao teatro. NÃO PAGA NADA! É SÓ CHEGAR!

 SERVIÇO – TEATRO LEOPOLDO FRÓES - Av. João Dias, 822, Santo Amaro - (Dentro da biblioteca) Informações: 5541-7057 – De 28/06 a 21/07 /19 - As sextas e aos sábados, 21h, e aos domingos, às 19h. Ingressos: gratuito. Classificação: 14 anos. Duração: 90 minutos.

um teatro bem aconchegante com programação gratuita e o espetáculo é de extrema qualidade. Ressalto aqui a necessidade de uma divulgação do próprio teatro para que o cidadão tenha acesso e conhecimento desse equipamento público)





Pedro Cosmos

QUANDO TUDO ESTIVER PRONTO

O texto do dramaturgo norte-americano DONALD MARGULIES tem sua primeira montagem no Brasil, fruto da parceria que tem dado muito certo entre ISSER KORIK a frente da direção e OTÁVIO MARTINS que integra o elenco. Os dois, sempre talentosos em tudo que fazem, presenteiam o teatro com um novo trabalho que “promete”, texto muito bem escrito, ora surreal, psicológico, reflexivo, direção enxuta, resultando em um espetáculo que vai do drama a comédia com brilhantismo.

Somando ainda ao espetáculo um time de artistas que dispensam comentários particulares: PATRICIA PICHAMONE, LILIAN BLANC, SYLVIO ZILBER, ELIETE CIGAARINI e FILIPE RIBEIRO.  


                                                                             Foto: Heloísa Bortz

O enredo gira em torno de uma família judia que acabou de enterrar sua jovem mãe (PATRÍCIA PICHAMONE), que morreu de forma inesperada. Samuel (OTÁVIO MARTINS) fica desnorteado sem a esposa, entrando em conflito com sua mãe, que o tortura, sem respeitar o seu momento. Uma semana depois, sua esposa volta recém-levantada de sua cova, com o objetivo de arrumar sua casa e sua família.

O reencontro teatraliza um fato impossível fazendo o público refletir sobre várias possibilidades: como vou informar para todas aquelas pessoas que participaram do funeral? Não seria mais cômodo deixar tudo como está? E se fosse comigo?
                                                                         Foto: Heloísa Bortz

Segundo o diretor: “A encenação priorizará a força do texto e do elenco, trabalhando para iluminar essas duas potências do projeto. Quando um diretor tem diante de si um texto inteligente e um elenco ‘dos sonhos’, a melhor encenação possível é a que deixa na mão dos atores a condução da história e a fluência das emoções”.

Nesse quesito, as emoções não são poupadas, Otávio Martins está ótimo, Filipe Ribeiro  sem dúvida tem um futuro promissor, em fim, o elenco é um acerto em todos os sentidos.

SERVIÇO – TEATRO FOLHA Shopping Pátio Higienópolis – Avenida Higienópolis, 618, Terraço, Higienópolis. Tel.: (11) 3823-2323 – Sexta 21h30. Sábados e domingos 20h. Ingressos: R$ 70,00 - setor 1 e R$ 50 – Setor 2. De 21 de junho a 15 de setembro. Duração: 70 minutos. Classificação: 12 anos.



Pedro Cosmos

HEDDA GABLER

HENRIK IBSEN (1828-1906), autor de importantes textos já montados no Brasil, entre eles: "Peer Gynt" (1865), "Casa de Bonecas" (1879), “O pato selvagem” (1884), “a dama do mar” e seu texto mais conhecido “um inimigo do povo” (1889), já montados no Brasil, tem agora, a primeira montagem de HEDDA GABLER, escrito em 1890.

O texto traduzido por LEONARDO PINTO SILVA, em cartaz no Espaço Parlapatões, tem MARCIO MACENA, a frente do grupo A NÃO COMPANHIA DE TEATRO, apresentando sua direção muito correta em uma montagem feita entre amigos, cercado de excelentes profissionais, sem patrocinador, com muita dignidade, além da coragem, apresenta um teatro que ressalta qualidade.

MEL LISBOA (Hedda Gabler), SAMUEL DE ASSIS, (Brack) DUDU PELIZZARI, (Jorgen Tesman) RAFAEL MAIA, (Eilert Lovborg) CAROL CARREIRO (Thea Elvsted) e YAEL PECAROVICH, (Berte) formam o elenco, apresentando-nos um teatro de extrema qualidade, em uma tragicomédia, que por meio da discussão do papel da mulher na sociedade, leva o espectador a refletir sobre a própria existência humana.

                                                                     Foto: Guto Garrote
Tudo gira em torno da personagem título, Hedda, filha do falecido general Gabler, que morreu sem lhe deixar herança. Perto dos trinta anos, casou-se com Jorgen Tesman, que tem uma bolsa de estudos em história da arte. Hedda descobre que está grávida e ela esconde de todos; Ao voltar de viagem, seu marido descobre que precisará competir pela cadeira na Universidade, justamente com um dos antigos admiradores da esposa.
Mel Lisboa defende brilhantemente sua personagem. Artista que a cada espetáculo, se revela, se prostrando como atriz de primeira grandeza dos palcos paulistas, sem se perder uma palavra dita e um desempenho corporal plausível. Haja fôlego para emendar uma personagem na outra defendendo seus papéis ressaltando verdade e maestria. É uma personagem realmente desafiadora, a atriz está tirando de letra e certamente terá sua recompensa.

                                                                               Foto: Guto Garrote
Segundo Macena, “minha escolha parte para uma encenação atemporal, com uma simplicidade exigida ao trabalharmos com a grandeza do texto de Ibsen e a qualidade do elenco que temos. Acredito que esses dois elementos já são suficientes para se fazer um bom espetáculo”... e o resultado é que mesmo o texto tendo sido escrito no século XIX, ainda se mostra atual, graças a dramaticidade promovida.

   SERVIÇO - ESPAÇO PARLAPATÕES – Praça Franklin Roosevelt, 158, Consolação -   Sextas e sábados às 21h e aos domingos, às 20h.  Informações: (11) 3258-4449  -Ingressos: R$ 50.  Duração: 105 minutos. Classificação: 14 anos. De 14/06 a 28 de Julho 2019.






ATOR MENTE

NORIVAL RIZZONOEMI MARINHOJOSEMIR KOWALICK E LUCIANO SCHWAB, fazem o público rir e refletir sobre o espetáculo ATOR MENTE dirigido brilhantemente por MARCO ANTONIO PÂMIO.

A montagem reúne três peças curtas do dramaturgo britânico STEVEN BERKOFF, que se ligam por meio da figura de um ator desiludido com a profissão, que sobrevive fazendo pequenos bicos em teatros alternativos. Ou seja, a realidade de muitos atores, que buscam incansavelmente um novo trabalho ao término de outro e nem sempre é contemplado.

Em “Quero um Agente”, dois atores (NORIVAL e JOSEMIR) se encontram em um camarim antes de se apresentarem em um ato natalino. Enquanto se preparam, eles desabafam sobre a dificuldade de conseguir boas oportunidades de trabalho. No texto “Assado”, também interpretado pela dupla, uma mãe conta para seu filho pequeno uma história assustadora. E na terceira peça, “Isto é uma Emergência”, a esposa de um ator frustrado o incentiva a se tornar motorista de taxi. Vividos por NORIVAL e NOEMI MARINHO e depois LUCIANO SCHWAB.


 Fotografia Artística: Heloísa Bortz

O terceiro quadro ganha ainda mais humor na parceria do casal, que tem um timing de comédia perfeito. Noemi Marinho, com suas pausas e suas caras e bocas, enriquece o teatro mostrando os caminhos da comédia. Daí vê-se sua grandiosidade na personagem, em meio a tortura psicológica, prova de amor, ciúme, cumplicidade e o abuso do motorista (SCHWAB) tripudiando da situação o tempo todo.

O resultado é uma comédia que lança um olhar ao mesmo tempo sarcástico, melancólico e bem-humorado sobre o que é ser ator e toda a carga que a profissão carrega: as expectativas, as frustrações, as cobranças, o desemprego etc. São peças nas quais os personagens mostram o “outro lado da moeda” da profissão, revelando-se frágeis, patéticos, falhos e, por conta de tudo isso, profundamente humanos.

 Ator Mente também celebra o reencontro em cena e os 45 anos de parceria artística dos atores Norival Rizzo e Noemi Marinho.

SERVIÇO - TEATRO NAIR BELLO – Shopping Frei Caneca - Rua Frei Caneca, 569 tel.: 3472-2414-Sexta e sábado às 21h e domingo às 19h Ingressos: R$ 30 e R$ 30,00. Duração: 90 min. Classificação: 16 anos. Temporada: 14/06 a 28/07/19.

quinta-feira, 20 de junho de 2019


Pedro cosmos

VEM BUSCAR-ME QUE AINDA SOU TEU

O circo é uma arte familiar e vai passando de geração a geração promovendo a transferência de saberes. É comum vê-se no circo Pai, filho, avô lutando a duras penas pela sobrevivência e manutenção dos artistas. No entanto, o espetáculo musical VEM BUSCAR-ME QUE AINDA SOU TEU, já conhecido pelas direções de YACOV HILLEL e GABRIEL VILELLA, com dramaturgia ambientada no circo vai muito bem acontecendo em família e vindo de quem muito teve contrapartida social com o picadeiro, o saudoso dramaturgo CARLOS ALBERTO SOFREDINI.  (+2001).

RENATA SOFFREDINI, a filha do autor segue com a missão honrosa, mantendo a essência do circo teatro por meio de um musical tipicamente brasileiro e muito premiado.

Por meio do seu Núcleo de Estética Teatral Popular (Estep) está a frente do projeto trazendo uma equipe que faz juz ao espetáculo: BETE DORGAM, CLOVYS TORRES, FERNANDO NITSCH, IAN SOFFREDINI, LAURA LA PADULA, LUIZA ALBUQUERQUES, TITO SOFFREDINI e YAEL PECAROVICH.


As músicas ao vivo, contam com o talento dos artistas BETINHO SODRÉ, LUIS ARANHA E TAUAN RIBEIRO, com direção musical de Fernanda Maia. Os músicos mandam bem, deixando o espetáculo mais harmonioso.

BETE DORGAM interpreta Aleluia Simões, a mãezinha, dona do circo, que não está aberta a inovações e não aceita mudanças nos números apresentados, pois cabe a tomada de decisões. Personagem esta, imortalizada pela grande atriz LAURA CARDOSO na montagem dos anos 90. Laura foi homenageada com a leitura encenada na ocupação sobre a sua carreira no mesmo Itaú, aonde a trupe apresentou de 06 a 09 de junho.


No entanto, nada de comparações entre Laura e Dorgam. São duas atrizes brilhantes, grandiosas em suas representações, evidentemente seguem linhas diferentes de interpretação, promovendo para o teatro outras possibilidades, outros caminhos, valendo apena ser conferido a cada nova proposta de trabalho.


LUIZA ALBUQUERQUES apresenta um humor espontâneo. Suas cenas com a mãezinha Aleluia estão irretocáveis. NITSCH tem muita presença cênica e muito acrescenta ao espetáculo. Campônio é interpretado pelo filho de Renata (IAN SOFFREDINI), que nos seus devaneios, nutre uma admiração por uma artista da companhia, a interesseira Amada Amanda (YAEL PECAROVICH), esta se vê enciumada pela chegada da sua concorrente, a cantora Cancionina Song (LAURA LA PADULA) e com a cumplicidade do seu amado, o mau caráter Lologigo, (CLOVYS TORRES) bolam um plano para se darem bem. TITO nos brinda com sua linda voz.

A montagem apresenta os bastidores do teatro, a qual a matriarca nos brinda com uma aula prática sobre o circo ao contextualizar como é a vida desses artistas, encarando sempre a realidade tendo o pé no chão sem jamais deixar a peteca cair, lidando ainda com a vaidade desses e a sede de poder.

Vale a pena conferir!

Foto: Gabriela Rocha

SERVIÇO – Sala Itaú Cultural - Av. Paulista 149, Informações: (11) 2168.1777 - Quinta a sábado às 20h. Domingo às 19.  Ingressos gratuitos. Classificação: 14 anos. Duração: 120 minutos. De 06 a 09 de junho de 2019. Duração aproximada: 100 minutos.
Atenção: A trupe volta em cartaz em novo teatro!
SERVIÇO – TEATRO JOÃO CAETANO – Rua Borges Lagoa, 650, Vila Clementino, Tel.: 5573-9774.  Sexta: 21h, sábado: 20h30 e domingo: 19h. Ingressos: Grátis. (Distribuídos uma hora antes do espetáculo). Classificação: 14 anos: 100 minutos. De 06/07 a 04/08/19.





Pedro Cosmos

O PEQUENO PRÍNCIPE
Voltando aos anos 90, quando ouvi no espetáculo poético “UM SANATÓRIO PARA FREUD” de Ivanildo Antonio o seguinte texto: EXUPÉRY não morreu! Ninguém mata Exupery! Gritei: Bravo! O que é bom não morre! A palavra fica eternizada! Não à toa, que a obra é traduzida no mundo inteiro e várias montagens do clássico do autor e piloto francês ANTOINE DE SANT-EXUPÉRY (1900-1944) surgiram de lá pra cá despertando curiosidade de várias gerações.
A nova montagem em cartaz no teatro folha é bem fiel a obra. O Pequeno príncipe mora no asteroide B-612 com uma rosa, baobás e três vulcões. Um dia ele pega carona numa revoada de pássaros e vai conhecer novos mundos e pessoas.



A peça baseada no livro de Antoine de Sant-Exupéry mistura trabalho de atores com manipulação de bonecos, usa iluminação ultravioleta, resultando num belo visual e cenas emocionantes.
A dramaturgia de IAN SOFFREDINI, que também assina a direção é bem fidedigna ao autor, não trouxe piadinhas piegas e nenhum artifício de encher linguiça visando possibilidade de agradar. Tem sim a Serpente, a Rosa que é muito representativa encorajando o pequeno, o adulto solitário e a raposa.

A novidade é a mistura de atores e manipuladores de bonecos que deu um ritmo interessante ao espetáculo e aos movimentos. Para contribuir com o visual, uma iluminação ultravioleta soa como coadjuvante, dando um resultado perfeito, levando os pequeninos a um perfeito faz de conta.
O livro foi escrito em 1943 e até hoje é muito lido e debatido, pois muitas das citações trazem vários simbolismos, são filosóficas, cabíveis de reflexões e debates, além da poesia promovida: "Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos" e "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas", são algumas pérolas, as quais fazem parte da nossa fruição literária.
A serpente chama muito atenção e a raposa transborda carisma sendo esta a responsável pela parte interatividade com a plateia. Surgindo num passe de mágica em lugares diferentes, a manipulação dos bonecos está perfeita, tem uma grande equipe de profissionais notórios (SIDNEI CARIA, WANDERLEY PIRAS, SILAS CARIA E TETE RIBEIRO) nessa especificidade e o resultado não poderia ser outro.
ENRICO VERTA, PATRICK AGUIAR, RAFAEL RILO, NATHALIA KWAST, LUIZA ARRUDA, TITA AZEVEDO E MARI WILLIAMS, dão vida as personagens e manipulam com maestria os bonecos.
                                                              Foto: Will Siqueira

Em 1943, Exupéry morre em um acidente de avião e seu corpo nunca foi encontrado. Só em 2004, foram encontrados os destroços do avião que pilotava, a poucos quilômetros da costa de Marselha, na França.

Vale a pena conferir e levar a criançada para prestigiar e conhecer as aventuras do Pequeno Principe.

SERVIÇO – TEATRO FOLHA Shopping Pátio Higienópolis – Avenida Higienópolis, 618, Terraço, Higienópolis. Tel.: (11) 3823-2323 - Sábados e domingo 16h. Ingressos: R$ 40,00.

quarta-feira, 12 de junho de 2019


Pedro Cosmos  
                       
57 MINUTOS – O TEMPO QUE DURA ESTA PEÇA

O texto é livremente inspirado no romance “Ulisses”, do irlandês James Joyce (1882-1941), com dramaturgia filosófica e política, assuntos voltados para a contemporaneidade, a identidade e a transformação.

O ator ANDERSON MOREIRA SALES apresenta o seu monólogo no Espaço parlapatões, se mostrando muito ousado ao se auto dirigir e assinar a dramaturgia. Ousado nada, ele pode! Se autopreparou para isso. Não há mal nenhum. Anderson promove empatia com a plateia, sabe lidar com a ruptura da quarta parede com muita classe e acolher o público com várias interações, sem nenhuma exposição ao ridículo.

                                                                              Foto: Pedro Mendes

O artista é muito carismático, tem domínio de palco e das cenas, sabe jogar muito bem com a plateia, um trabalho corporal irretocável. Acredito ser um ator em ascensão com muito a ser explorado, porque o que não lhe falta é talento. Vai e volta com o texto, improvisa, não se perde nas amarrações e sempre em espiral, consegue manter a chama acesa.

                                                                    Foto: Pedro Mendes

O cenário é composto por um balcão que abriga fogão, forno e outros utensílios que permitem o preparo de uma massa de pão de queijo. Segundo o artista “O preparo é como um acordo de troca do alimento pela atenção do público”.

Engana-se que o espetáculo tenha os 57 minutos, dura aproximadamente 1h10min. Talvez seja uma maneira de despertar curiosidade no público e para que este frequente o teatro, qualquer tentativa não merece julgamento. Pois vale a pena conhecer o trabalho do rapaz e fruir com sua interpretação e despojamento.


SERVIÇO - Espaço Parlapatões – Praça Franklin Roosevelt, 158, Consolação (metrô República) de 4 de junho a 10 de julho,  terças e quartas, às 21h. Ingressos: R$ 30,00. Informações: (11) 3258-4449 Classificação: 12 anos Duração: 70 minutos.

sábado, 8 de junho de 2019


Pedro Cosmos

BEATLES BIGDepois do espetáculo show BEATLES PARA CRIANÇAS, agora é a vez dos fãs curtirem o show para os mais experientes. Muito bom se deliciar todas as quintas feiras relembrando algumas canções dos garotos de Liverpool, com lindas vozes e uma banda que não deixa a desejar.
FABIO FREIRE, GABRIEL MANETTIEDUARDO PUPERIJOHNNY FRATESCHI HUMBERTO ZIGLER, formam a trupe que juntos recriaram os arranjos das músicas do quarteto de Liverpool para formação de big band, com saxofones, trompete, trombone, guitarras, baixo acústico, bateria e vocais, no ritmo do blues e do jazz.

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 No palco 10 músicos, sob a regência do maestro e pianista Eduardo Puperi, além da cantora CLÁUDIA BOSSLE - intérprete conhecida do Jazz e da Bossa Nova na noite paulistana anima a plateia, sugerem interações nas danças, contemplando todos com músicas marcantes da banda.

Dentre o repertório, uma versão de Sargent Peppers Lonely Hear ts Club Band,  A hard day’s nightCan’t buy me love e Ticket to ride, e versões recriadas para big band: Something, BlackbirdLet it be e Hey Jude.

A banda Beatles Para Crianças apresenta os shows Meu Primeiro Show de Rock
(dias 1 e 2 de junho, às 15 horas) e A Bagunça Continua nos dias 8 e 9 de junho, 15
Horas. (Verificar valores ligando no teatro).

SERVIÇO – Teatro Morumbi Shopping – Av. Roque Petroni Júnior, 1089, Estacionamento do Piso G1 - tel.: 5183-2800 – 250 lugares – Quintas às 21h. Ingresso: 60,00 e 40,00 para os 50 primeiros lugares de cada sessão. 70 minutos. De 06 até 27/06/19.


Pedro Cosmos

RICARDO III OU CENAS DA VIDA DE MEIERHOLD

Não é absurdo, mas Samuel Beckett com o GODOT que não chegou e Eugène Ionesco com a CANTORA “sem cabelo” não se sintam enciumados com o VISNIEC, mesmo porque o teatro agradece sempre todas as especificidades dramatúrgicas que corroborem com o fazer teatral. Agora a vez é MATÉI.
    
Depois da agradável montagem de CONDOMÍNIO VISNIEC, a diretora e atriz CLARA CARVALHO, emplaca mais uma obra do Texto do romeno MATÉI VISNIEC, um dos nomes atuais do teatro do absurdo.

Na trama, o consagrado diretor russo MEYERHOLD (1874-1940), inventor da Biomecânica e membro do Teatro de Arte de Moscou, tenta encenar a peça “Ricardo III”, de William Shakespeare (1564-1616). Durante a montagem, ele tenta entender o que se passa na própria cabeça, mas é constantemente impedido de realizar seu trabalho por personagens políticos, familiares e fantasmas presentes em sua mente.
                                                                             Foto: Luciana Zacarias

RUBENS CARIBÉ vive brilhantemente o diretor, nos apresentando o teatro dentro do teatro, ou seja, o METATEATRO e ROGÉRIO BRITO, dá o tom do humor ao viver o personagem Ricardo III. Somando ao elenco os atores DUDA MAMBERTI, FERNANDA GONÇALVES, JUNIOR CABRAL, LÍVIA PRESTES, MARA FAUSTINO, e ROGÉRIO PÉRCORE, todos apresentando boas representações.
                                                                                           Foto: Luciana Zacarias
Ao tentar concluir a encenação do clássico shakespeariano, nasce um filho do diretor russo: um boneco de manipulação que é o próprio Ricardo III. Até mesmo essa criatura animada desaprova a direção do pai. Meyerhold acaba sendo preso por conta de um ato audacioso do filho, e a peça é finalmente cancelada.

Para o espectador leigo é uma boa oportunidade para vivenciar como se dá uma direção, embora se desvencilhando se é do ponto de vista correto ou não, já que na narrativa o diretor é desacreditado quanto a sua forma de dirigir os atores.

O espetáculo foi contemplado na 7ª Edição do Prêmio Zé Renato de Fomento à Produção Teatral para a cidade de São Paulo.

SERVIÇO - CCSP – Centro Cultural São Paulo – Rua Vergueiro, 1.000,  fone:  (11) 3397 4002- Sextas e sábados, às 21h; Domingos, às 20h. Sessões às quintas: 6, 13 e 20 de junho às 21h. Ingressos: R$ 30. De 1º de junho a 7 de julho de 2019. Classificação: 14 anos. Duração: 90 minutos.

O ANDARILHO

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