terça-feira, 8 de outubro de 2019


Pedro Cosmos
A INCRÍVEL E TRISTE HISTÓRIA DA CÂNDIDA ERÊNDIRA E SUA AVÓ DESALMADA
Será que o fato de Cândida Erêndira ter acordado com um candelabro ao lado, teria sido ela a causadora do incêndio que destruiu a casa em que morava fazendo sua avó se vingar dela, obrigando a neta se prostituir para pagar o prejuízo?
Baseado no conto de GABRIEL GARCIA MÁRQUEZ, de 1972, com adaptação de AUGUSTO BOAL, a dramaturgia de CLAUDIA BARRAL, traduzida por CECÍLIA BOAL está em boas mãos.
 O diretor MARCO ANTONIO RODRIGUES, uniu uma trupe de atores, desprovido de egos, muito bem preparados na estética de rua e circo, com composições perfeitas: GIOVANA CORDEIRO, MAURÍCIO DESTRI, CHICO CARVALHO, DAGOBERTO FELIZ, GUSTAVO HADDAD, MARCO FRANÇA, ERIC NOWINSKI, ALESSANDRA SIQUEYRA, CAIO SILVIANO, DANI THELLER, DEMIAN PINTO, JANE FERNANDES, RAFAEL FAUSTINO para contar o sofrimento da personagem título e as aventuras para se livrar das maldades da avó megera, que, embora, seja surreal, o resultado é plausível.
A história de Cândida Erêndira produzida por LUQUE DALTROZO, realização do SESI é muito bem produzida e contada com maestria. Na narrativa, uma avó, fora dos padrões convencionais, obriga a neta a se prostituir, como forma de se vingar da menina. Em meio as aventuras e desventuras, crueldade, poesia e música o espetáculo ganha graça, se tornando um entretenimento prazeroso, a crueldade e a falta de afetividade são ingredientes que perdem força na dramaticidade promovida pelos personagens.

O ator CHICO CARVALHO está se sentindo muito confortável ao interpretar a Avó. Suas tiradas são impagáveis. Emprega muita comédia, ironia a personagem e sem usar de amuletos na composição, ninguém sente falta de uma atriz na personagem feminina, pois tudo cai feito uma luva. A maneira que a plateia torce pela ajuda mágica que favoreça a menina, torce para que a avó entre em cena, porque tudo se torna em um crescente graças a boas ações dramáticas e cenas ricamente desenvolvidas com muita comicidade, tornando a personagem de grandiosidade ímpar.

 

GIOVANA CORDEIRO vive a menina, em um trabalho tenso, profundo, sofrido, um talento inquestionável surgindo nos palcos. Canta, interpreta e convence com sua desenvoltura e entrega. A Parceria em cena com Maurício Destre, que vive Ulisses, o príncipe que vem salvar a moça é louvável. Tarefa árdua é se livrar da velha para que ele possa ter a moça em seus braços. O ator é muito bem vindo aos palcos e está no caminho certo.


Merece destaque o nosso grandioso ator DAGOBERTO, que conduz toda história com sua narração majestosa, ressaltando carisma e com muita interação com a plateia.

 

Em fim, um elenco de talentos, sendo desnecessárias impressões individuais, valendo ressaltar que deve se prestigiar essa aventura e deixar as asas da imaginação adentrar nas letras do grande autor Garcia Marques, que embora a obra seja de 1972, é contextualizada com os tempos atuais, fazendo-nos rir de nós mesmos.

Foto: Leekyung Kim
SERVIÇO – TEATRO DO SESI – SPAv. Paulista, 1313, Cerqueira césar Tel.: 3146-7439. Quinta a sábados: 20h. Domingos: 19h. Ingressos: Gratuito. De 05/09 a 08/12/19. Duração: 120 minutos.  Classificação: 12 anos. (Reservas antecipadas no site www.centroculturalfiesp.com.br  (Abertas todas as segundas-feiras, às 8h. Ingressos remanescentes serão distribuídos no dia da apresentação, 15 minutos antes na bilheteria do Teatro.)


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