Depois da bem sucedida montagem de LILI
CARABINA, o autor JULIO KADETTI, emplaca outro épico. Dessa vez, traz LUZ DEL FUEGO, com narrativa vinda em boa hora para dialogar com o atual momento
político e social brasileiro.
Luz Del Fuego foi uma
das vedetes mais conhecidas do teatro de revista dos anos 50, famosa por dançar
enrolada com cobras, ser uma das precursoras do naturismo no Brasil contrariando
toda a sociedade, envolveu-se politicamente batalhando pelos direitos das
mulheres, ou seja, uma mulher aquém do tempo que enxergava a liberdade de
expressão como fundamental na sua vida, extinguindo toda e qualquer forma de
convenções. Era totalmente contrária a vida pacata que levava diante da família
e se sentir sufocada diante da religiosidade não cabia para uma artista que
pensava a liberdade em todos os seguimentos como fundamental. A ruptura foi
súbita e ao ser internada como louca, deixou Belo Horizonte fugindo para o Rio
de Janeiro, aonde alcançou o estrelato. De família influente, era perseguida
inclusive pelos familiares, que envolta da política, a carreira dela poderia
ser negativa a imagem do irmão senador. Também muito perseguida pela polícia, já
que praticava atentado ao pudor e aos bons costumes. A artista enfrentava sem
medo, mas acabou aceitando a chantagens do irmão para sumir de vez da vida
dele.
Apesar da popularidade
de seus espetáculos, a artista sofreu dificuldades financeiras em seus últimos
anos de vida. A artista foi assassinada, juntamente com o seu caseiro. Há
boatos que tenha sido por dois pescadores na Ilha que ela batizara de Ilha do
Sol. (19 de julho de 1967). Seu corpo foi lançado ao mar, e recuperado no mês
seguinte.
Para viver a personagem
título, a produção de LUZ DEL FUEGO generosamente apostou todas as fichas em
uma personalidade que tem muito em comum com a homenageada.
Caiu muito bem a escolha de RITA CADILLAC, pela
ruptura de convenções sociais, não se prendendo a hipocrisias e enxergando nela
uma cidadã politizada, corajosa e engajada na sociedade no que diz respeito às
mulheres, revezando o papel com a atriz ELISA ROMERO que faz a personagem na fase
jovem. Rita é grata pela confiança depositada, sabendo da responsabilidade que
é pisar nos palcos como atriz.
Elisa Romero e Rita Cadillac - Foto: Marcelo Focoimage |
ANA SAGUIA, escolha
perfeita para viver a mãe de Luz dá um show de interpretação. Sua personagem
está irretocável.
A direção ficou a cargo
de MACIEL SILVA, tendo como assistente de direção GEORGINA CASTRO. Maciel acumula a função de ator
interpretando a travesti Jojô, se mostrando um excelente comediante, sua personagem está muito bem construída e seus diálogos
são ricos em ação dramática, parece ter sido escrito pensando nele, se
encontrando desprovido de todos os pudores em um papel que é destaque, elevando
a comédia no espetáculo. O artista joga muito bem com o experiente parceiro de
cena ARNALDO D`AVILA, o qual vive o Senador, que como nos
contos de fadas é uma espécie de ajuda mágica para Luz, utilizando seu poder politico a salva da prisão, ordenando ao Delegado (VITOR
WAGNER) que seja cauteloso e, além de libertá-la, a proteja.
O
elenco conta ainda com ARNALDO GIANNA,
CLEBER COLOMBO, que
capricha na comicidade, LEONCIO MOURA, LETYCIA MARTINS E YURI MARTINS. O novelista Aguinaldo
Silva surge em áudio. Parte do elenco e demais profissionais participaram
de Lili Carabina o que deixa o núcleo bem familiar e com ares de Cia.
SERVICO
- TEATRO JARAGUÁ – Rua Martins Fontes, 71, região
central - fone: 3255-4380 – sábado 21h, Dom 21h. 90 min. Até 21/10. Ingresso: 60,00
a 80,00. 16 anos.
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