sábado, 17 de agosto de 2019


Pedro Cosmos

A GOLONDRINA

Depois do sucesso de TOM NA FAZENDA, outra narrativa inserida na temática GLBT, abordando a liberdade, diversidade e a aceitação, entra em cartaz para deixar o nosso teatro ainda mais eloquente.

 A GOLONDRINA - premiado texto do espanhol GUILLEM CLUA, (A Pele em Chamas, O Gosto das Cinzas, A Golondrina, Marburg, Invasão, Assassino, 73 Razões Para Deixar-te, Morte em Veneza, No deserto, Smiley e Al Damunt Dels Nostres Cants), Celebrado recentemente na Espanha e em Londres, é inspirada em atentado terrorista nos EUA, também é excelente, muito bem escrito, de muito bom gosto e prende a plateia do início ao fim com as interpretações dos atores TANIA BONDEZAN e LUCIANO ANDREY, os quais dão vida aos personagens na melhor forma “Stanislaviskiana” possível.



A peça mostra o encontro entre Amélia, uma severa professora de canto, e o estudante Ramon, que a procura para melhorar sua técnica vocal com a intenção de cantar no memorial de sua mãe recentemente morta. A música escolhida tem um significado especial para ele e, aparentemente, também para ela. Apesar de sua relutância inicial, a mulher concorda em receber o jovem em sua própria casa e ajudá-lo e no decorrer da aula, os dois personagens vão revelando detalhes de seu passado que se entrelaçam como num quebra-cabeças.

TANIA está impagável no papel da severa Amélia, professora de canto, que por meio de um encontro transformador com o seu aluno, vê revelada a morte do seu filho, expondo dissabores conflitantes que elevam o tom do espetáculo, graças a interpretação acertada em um texto difícil, que requer muita emoção, busca interior e compreensão do amor de ambos os lados, fazendo-nos tomar partido nas ações dramáticas. “O que nos torna humanos? Para Amélia (personagem de Tânia Bondezan) a resposta encontra-se na capacidade de sentir a dor dos outros como se fosse nossa”. E este é o sentimento que corre ao longo da espinha dorsal de A Golondrina.

LUCIANO, intérprete do misterioso aluno Ramon responde a altura da personagem. Ator muito talentoso e seu duelo leva a um embate perfeito promovendo cenas fortes, dignas de todos os aplausos.
  


GABRIEL FONTES PAIVA – o diretor, co-fundador do bem sucedido Grupo 3 de Teatro, ao lado de Yara de Novaes e Débora Falabella, tem construído uma carreira favorável no teatro. Como diretor esteve a frente de “Marte Você Está Aí?”, texto de Silvia Gomez, com Selma Egrei, Michelle Ferreira e Jorge Emil no elenco, e em 2015 dirigiu “Uma Espécie de Alasca”, de Harold Pinter, com Yara de Novaes, Mirian Rinaldi e Jorge Emil. Sua direção é limpa, valorizando, sobretudo os atores.


TOM NA FAZENDA merece todo sucesso e A GOLONDRINA não faz por menos, também vai ter uma carreira promissora. As duas apresentam narrativas atuais, promovendo muita reflexão, mostrando inclusive, a função social do teatro em meio a tanta contrapartida que por si só esse tipo de arte já oferece.
O espetáculo é produzido por RONALDO DIAFÉRIA, TANIA BODEZAN E ODILON WAGNER, valendo muito a pena ser prestigiada. É o teatro em boas mãos.

SERVIÇO – TEATRO MASP AUDITÓRIO - Avenida Paulista, 1578, Cerqueira César - Tel.: 3149-5959. Sexta e sábado: 21h. Domingo: 19h. Ingresso: Sexta: 60,00.  Duração: 90 min. Classificação 12 anos. Até 25/08/19.

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