segunda-feira, 19 de agosto de 2019


Pedro Cosmos

ÍCARO AND THE BLACK STARS

Depois da temporada no Rio, passagem por cidades como Belo Horizonte, Florianópolis, Petrópolis, Ribeirão Preto, entre outras é a vez dos palcos paulistas apreciar o grande astro ÍCARO SILVA, dividindo o show com CÁSSIA RAQUEL HANANZA, considerada “as black stars”.

                                                                          Foto: André Hawk

 A trupe faz bem feito em um musical que exalta o protagonismo negro, com texto escrito e dirigido por PEDRO BRÍCIO, coreografias (VICTOR MAIA) com recortes perfeitos que leva o público a grandes fruições e a música tocada ao vivo com direção musical de Alexandre Elias.

O artista transita em todas as linguagens e veículos da arte, canta, dubla, dança pode ser considerado o nosso pop star brasileiro sem nenhum exagero. Muita versatilidade, domínio total de palco e plateia, as interações são incríveis, em um show híbrido, mostrando-se um artista multi e pluricultural.
                                                                      Foto: André Hawk

No espetáculo ele interpreta o comandante ÍCARO, que aterrissa para apresentar o melhor da música Black nacional e internacional, (MICHAEL JACKSON, BOB MARLEY, TIM MAIA, WILSON SIMONAL, BEYONCÉ E JAMES BROWN), fazendo-nos viajar pelo tempo e espaço, em um espetáculo teatral em formato de show.

Sobre a peça, o artista desabafa: “Há tempos eu queria fazer um trabalho que me envolvesse de forma mais próxima com a música. Mas não queria deixar de abraçar outras paixões que estão na atuação, na dança... Este projeto, que reúne muitos amigos e é muito íntimo, concretizou este objetivo de forma lúdica e imaginativa.”.

A cada apresentação, conta com um artista surpresa. Na estreia foi SIMONINHA, que abrilhantou ainda mais o espetáculo show com duas canções. Vale a pena ser visto e curtir o trabalho de um artista que dispensa qualquer comentário sobre o seu excelente trabalho.

 Foto: André Hawk

SERVIÇO - TEATRO NOVO - Rua Domingos de Morais, 348 - Vila Mariana - Telefone: (11) 2155-0665 - Sextas e sábados, 21h30, domingos, 19h. Ingressos: Sexta e domingo – R$ 70,00. Sábado – R$ 80,00. Temporada: de 16/08 a 06/10/19. Gênero: Musical. Classificação: 12 anos. Duração: 90 min. Bilheteria: quinta, das 14h às 19h. Sexta a domingo a partir das 14h. 


sábado, 17 de agosto de 2019



A PROFISSÃO DA SENHORA WARREN
Em uma casa de campo, alugada em Surrey, a jovem, inteligente e bem sucedida Vivie Warren (KAREN COELHO) recebe a visita de amigos da mãe, Sra. Warren (CLARA CARVALHO) que até então não conhecia. Vivie descobre que sua educação refinada foi financiada por uma rede internacional de bordéis comandada pela Sra. Warren. A mãe entrou para essa vida por necessidade, mas, no final das contas, torna-se uma bem-sucedida empresária do ramo e trabalha por puro prazer. Várias discussões acaloradas vêm à tona instalando conflitos e revelações surpreendentes sobre sua vida, trazendo a cena grandes embates, pondo em prova o caráter, a integridade, as relações de poder, a ética, a boa vida, a hipocrisia social, em um jogo com discussões fortes, deixando nos boquiabertos com um time de atores em um jogo plausível. Clara Carvalho acumula a função da tradução.



A montagem da obra do polêmico irlandês Bernard Shaw, um dos maiores dramaturgos da língua inglesa, texto escrito por volta dos anos 1950, está em boas mãos, com um time que entende da arte de representar. Outras personagens fortes como o reverendo Samuel Gardner (CLÁUDIO CURI) o arquiteto Praed (MÁRIO BORGES), o milionário Sir. George Crofts (SERGIO MASTROPASQUA) e Frank Gardner (CAETANO O'MAIHLAN) promovem melhor da comédia dramática inglesa.


MARCO ANTÔNIO PÂMIO sempre perfeito na direção irretocável, deixou o espetáculo prazeroso, muito atual, com um desenho perfeito das 4 ambientações, pois a peça possui 4 atos, com todas as ações bem resolvidas, a elegância do acender e fumar em cena, além da sofisticação das personagens e seu toque de classe, optando por uma cenografia mais neutra e abstrata, em que os ambientes são mais sugeridos do que traduzidos de maneira realista. Em fim é um grande espetáculo e vale a pena ser conferido.
Fotos de Ronaldo Gutierrez
SERVIÇO – TEATRO ALIANÇA FRANCESA – Rua General Jardim 182 – Vila Buarque. Tel: 3572-2379. Sábado e segunda: 20h30. Dom: 19h. Ingresso: 50,00. Até 30/09/19.


Pedro Cosmos

A GOLONDRINA

Depois do sucesso de TOM NA FAZENDA, outra narrativa inserida na temática GLBT, abordando a liberdade, diversidade e a aceitação, entra em cartaz para deixar o nosso teatro ainda mais eloquente.

 A GOLONDRINA - premiado texto do espanhol GUILLEM CLUA, (A Pele em Chamas, O Gosto das Cinzas, A Golondrina, Marburg, Invasão, Assassino, 73 Razões Para Deixar-te, Morte em Veneza, No deserto, Smiley e Al Damunt Dels Nostres Cants), Celebrado recentemente na Espanha e em Londres, é inspirada em atentado terrorista nos EUA, também é excelente, muito bem escrito, de muito bom gosto e prende a plateia do início ao fim com as interpretações dos atores TANIA BONDEZAN e LUCIANO ANDREY, os quais dão vida aos personagens na melhor forma “Stanislaviskiana” possível.



A peça mostra o encontro entre Amélia, uma severa professora de canto, e o estudante Ramon, que a procura para melhorar sua técnica vocal com a intenção de cantar no memorial de sua mãe recentemente morta. A música escolhida tem um significado especial para ele e, aparentemente, também para ela. Apesar de sua relutância inicial, a mulher concorda em receber o jovem em sua própria casa e ajudá-lo e no decorrer da aula, os dois personagens vão revelando detalhes de seu passado que se entrelaçam como num quebra-cabeças.

TANIA está impagável no papel da severa Amélia, professora de canto, que por meio de um encontro transformador com o seu aluno, vê revelada a morte do seu filho, expondo dissabores conflitantes que elevam o tom do espetáculo, graças a interpretação acertada em um texto difícil, que requer muita emoção, busca interior e compreensão do amor de ambos os lados, fazendo-nos tomar partido nas ações dramáticas. “O que nos torna humanos? Para Amélia (personagem de Tânia Bondezan) a resposta encontra-se na capacidade de sentir a dor dos outros como se fosse nossa”. E este é o sentimento que corre ao longo da espinha dorsal de A Golondrina.

LUCIANO, intérprete do misterioso aluno Ramon responde a altura da personagem. Ator muito talentoso e seu duelo leva a um embate perfeito promovendo cenas fortes, dignas de todos os aplausos.
  


GABRIEL FONTES PAIVA – o diretor, co-fundador do bem sucedido Grupo 3 de Teatro, ao lado de Yara de Novaes e Débora Falabella, tem construído uma carreira favorável no teatro. Como diretor esteve a frente de “Marte Você Está Aí?”, texto de Silvia Gomez, com Selma Egrei, Michelle Ferreira e Jorge Emil no elenco, e em 2015 dirigiu “Uma Espécie de Alasca”, de Harold Pinter, com Yara de Novaes, Mirian Rinaldi e Jorge Emil. Sua direção é limpa, valorizando, sobretudo os atores.


TOM NA FAZENDA merece todo sucesso e A GOLONDRINA não faz por menos, também vai ter uma carreira promissora. As duas apresentam narrativas atuais, promovendo muita reflexão, mostrando inclusive, a função social do teatro em meio a tanta contrapartida que por si só esse tipo de arte já oferece.
O espetáculo é produzido por RONALDO DIAFÉRIA, TANIA BODEZAN E ODILON WAGNER, valendo muito a pena ser prestigiada. É o teatro em boas mãos.

SERVIÇO – TEATRO MASP AUDITÓRIO - Avenida Paulista, 1578, Cerqueira César - Tel.: 3149-5959. Sexta e sábado: 21h. Domingo: 19h. Ingresso: Sexta: 60,00.  Duração: 90 min. Classificação 12 anos. Até 25/08/19.



Pedro Cosmos

AMAR, VERBO INTRANSITIVO

 Na narrativa, vê-se a história da governanta Fräulein Elza (LUCIANA CARNIELI), que diante da função de professora de línguas e de piano, tem como principal incumbência de fazer a iniciação amorosa e sexual de Carlos (PEDRO DAHER), o primogênito herdeiro, muito comum na alta sociedade dos anos 1920.


                                                                        Foto: João Caldas

Adaptado do primeiro romance do escritor modernista Mário de Andrade, LUCIANA CARNIELI fez a sua adaptação com um olhar de atriz e acertou em cheio. Sua personagem é muito bem construída, com toque de classe, valorizando potencialmente a riqueza da língua portuguesa. As palavras muito bem pronunciadas soam bem para os ouvidos, e os segredos e o caráter da professora não entra em julgamento, pois os espectadores vivenciam um teatro de extrema qualidade. Seu parceiro de cena (DAHER) corresponde a altura, muito carismático, seguro, convence com sua personagem, com uma entrega perfeita em seu jogo cênico.

DAGOBERTO FELIZ, o diretor, conhecedor de cada canto do palco, fez uma direção muito acertada, consistente, com desenhos incríveis, em fim, uma parceria que deu certo. KLEBER MONTANHEIRO manda bem no figurino como sempre, com luz (TÚLIO PEZZONI) e música (DAN MAIA) corretamente ambientadas.

Segundo a atriz, idealizadora da montagem “Escolhi esse romance porque gosto muito da literatura de Mário de Andrade. Ele construiu uma personagem muito complexa, fascinante, redonda e vertical e eu tive muita curiosidade de me lançar nesse trabalho. Apesar de se passar nos anos de 1920, o romance espelha muito a nossa sociedade atual, na qual a mulher é subordinada ao homem o tempo todo”.

Em fim, é um teatro que se faz necessário ser prestigiado por tudo que nos apresenta.

SERVIÇO – TEATRO EVA HERZLivraria Cultura do Conjunto Nacional - Av. paulista, 2073, Cerqueira César – 3170-4059 – Quinta às 21h. De 11/07 a 26/09/19. Ingressos: 50,00. 12 anos. Duração: 70 minutos.

sábado, 10 de agosto de 2019


Por Pedro Cosmos

CAROS OUVINTES

OTÁVIO MARTINS, artista o qual tem se mostrado competentíssimo em todas as funções que lhe são atribuídas, é o responsável pela empreitada, tendo como assistente na direção MARCOS DAMIGO, que já bem familiar por ter participado da primeira montagem.

Na narrativa, vemos por meio de uma comédia, como se dá o processo de uma radionovela, sob o ponto de vista dos atores que faziam sucesso nas radionovelas, e nesse ínterim, o espectador é presenteado com uma aula de como se dá todo o universo que se instala numa produção e execução de uma novela radiofônica, tendo ainda casos amorosos, música e bons conflitos que apimentam a comédia.

Na primeira montagem contou com um elenco brilhante: Marcos Damigo, Ivo Muller, Oscar Filho, Nany People, Elam Lima, Camilla Camargo, Eduardo Semerjian e na segunda montagem, uniu um elenco formidável com tudo para não deixar a peteca cair: DALTON VIGH, FERNANDO PAVÃO, AGNES ZULIANI, NATÁLLIA RODRIGUES, EDUARDO SEMERJIAN, ALEX GRULI, CAROL BEZERRA E LÉO STEFANINI.



Dos anos 1950 até 1970 a radionovela era um sucesso como forma de entretenimento. Atores como Armando Boggus, Lima Duarte, Laura Cardoso, Vera Nunes, Vida Alves, Paulo Gracindo, entre outros, despontaram como artistas por meio do seu desempenho nessa arte. Talento esses que sobreviveram ao tempo, diferentemente da contemporaneidade que sobressaem os corpos malhados, como meramente produtos para consumo instantâneo. 

Os ouvintes em sua maioria eram do sexo feminino e com a chegada da televisão, os anúncios eram voltados para os produtos de limpeza e necessidades femininas, os anunciantes migraram para o novo veículo e os produtores não puderam mantê-las em prol de o custo ser muito alto, assinando dessa forma a decadência das radionovelas.

Novelas como O HOMEM SEM PASSADO, O RESGATE DA FELICIDADE, A AMIZADE NÃO TEM PREÇO, ainda se encontram a venda para matar o desejo de curiosos de plantão.  A partir desse momento, muitos autores das radionovelas sentiram necessidade de migrar para a telenovela, citando Ivani Ribeiro, Janete Clair, entre outros autores. A novela “Jerônimo” foi um estrondoso sucesso na radionovela, recebendo adaptação posteriormente para a telenovela, bem como “O Direito de Nascer”, exibida em 1951, sendo esta radionovela um fenômeno de audiência.



Para quem nunca se deparou ouvindo novela de rádio é difícil imaginar o que se passa na mente do ouvinte sentindo a necessidade de visualizar tudo o que permeia determinada cena, o contexto que se estabelece, sem nenhuma identidade visual que o oriente no desenrolar de determinada trama, como se dá a sonoplastia, os cenários onde as narrativas acontecem e os possíveis erros que precisam ser coibidos. Por se tratar de uma obra feita ao vivo, verificam-se improvisos rápidos e coerentes, que só grandes atores possuem esse feeling. Outro item importante é como se dá a roteirização, a qual precisa despertar no ouvinte a vontade de acompanhar a novela.
Na televisão, o espectador não precisa viajar ludicamente, já se tem tudo isso pronto. Uma concorrência entre os dois veículos Televisão e Rádio nesse sentido seria puramente desleal. O ouvinte da novela de rádio precisava ter várias leituras, despertar a imaginação para criar uma imagem simbólica com a beleza dos mocinhos e as demais personagens.
Nos anos 1980 o gênero foi desaparecendo, tendo reprise em algumas rádios descentralizadas, apesar de algumas tentativas isoladas de reativá-lo. E com isso a radionovela foi se adaptando à nova era das televisões.
 
CAROS OUVINTES nos levam para um ambiente onde mostra uma novela sendo feita ao vivo, a discussão de todos os problemas que permeiam uma produção, envolvendo a emissora, patrocinadores, produtores e elenco. Com a chegada da televisão, os artistas perdem espaço, pois outra forma de comunicação será evidenciada e esses profissionais ficam a deriva em meio a tantos dissabores. O elenco dispensa qualquer observação quanto ao seu desempenho, mas vale ressaltar o momento de ALEX GRULI, que está aproveitando o máximo para mostrar seu talento, carisma e comicidade, sobressaindo no gênero comédia e suas ações na execução da sonoplastia contempla a plateia, deixando a peça mais atrativa.


Aliás, o espetáculo começa a ficar ainda mais interessante quando começa a execução da novela, conflitos começam aparecer mostrando-se mais evidentes, promovendo em todas as cenas, muita ação e um ritmo incrível. A notícia de que aqueles artistas perderão seu trabalho em prol da chegada das telenovelas é comovente instalando um enorme silêncio.“Eu te dei tudo e hoje não sou nada”, seria um resumo do desabafo daqueles profissionais. LÉO STEFANINI, não poderia deixar de ressaltar o talento desse artista. Em fim, o elenco é um acerto. Todos brilham e tem o seu momento plausível.

Em fim, CAROS OUVINTES vale a pena ser vista, por tudo que nos apresenta, pela pesquisa e pela coragem de um elenco muito comprometido com a arte de fazer rir e mostrar um teatro da mais autêntica qualidade.

Fotos: Heloisa Bortz

SERVIÇO – TEATRO RENAISSANCE – Alameda Santos, nº 2233– Cerqueira Cesar. Tel.: 3069-2286- Sextas e sábador, às 21h e domingo 18h. Ingressos: R$ 100,00. Duração:  90 minutos - Classificação: 12 anos – De 02/08 a 29 de setembro/19.




BERTOLEZA

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