sexta-feira, 25 de novembro de 2022

QUARTO DE EMPREGADA

ARTE DO ENTRETENIMENTO

Pedro Cosmos

QUARTO DE EMPREGADA

 A dramaturgia de ROBERTO FREIRE (1927-2008), com texto escrito em meados do século XX, em plena ditadura militar é trazida para o palco pelo olhar do jovem artista da cena VICTOR LAZZARI, com uma concepção de direção muito acertada, unindo os conflitos intrínsecos das proletariadas ao contexto poético no qual é ambientada a encenação.

JADE e NATHALIE SUSEMIHL são as intérpretes das empregadas oprimidas, cheias de promessas e sonhos, que despertaram o olhar dos opressores em uma época deixada para traz, mas que na história se faz presente e que por meio dessa denúncia social foi dado um passo para acender um alerta as vítimas dos maus tratos.

                                                                                       Foto: Gloss Model

Pois foi essa, a dramaturgia essa deu visibilidade as classes menos favorecidas ao retratar na sua narrativa a vida de duas empregadas domésticas.

ROSA, uma mulher preta, e SUELY, uma mulher branca, que imbuídas nas intempéries intrínsecas e no conformismo que a elas foi ofertado, obra essa que acabou sendo censurada na  ditadura, justamente por abordar questões sociais, mexer com poderosos e promover a dialética contextualizando com transformação social, promovendo a reflexão, a equidade e a empatia ao retratar o meio que essas mulheres se inserem.“A obra retrata a vida de duas empregadas domésticas: Rosa, uma mulher preta, e Suely, uma mulher branca, e sua convivência ao dividir um quarto na mesma casa onde trabalha m para uma Patroa”. Ao explorar o espaço ocupado pelas personagens, o autor busca representar a desigualdade entre classes sociais.


Muitos dissabores ganham discussão na conversa de quarto, permeando suas angústias, anseios, o racismo velado, as torturas psicológicas e a dureza do que vem a ser a vida delas dormindo no trabalho dentre tantas humilhação e segregação.

Vale a pena prestigiar!

SERVIÇO: TEATRO JOÃO CAETANO – Rua Borges Lagoa, 505, Vila Clementino, Tel.: 5549-1744.  Sexta: 21h, sábado: 20h00 e domingo às 18h. De 18 a 27 de Novembro 19h. Ingressos: Grátis. (Distribuídos uma hora antes. Um ingresso por pessoa) Classificação: livre Duração: 60 minutos.

terça-feira, 15 de novembro de 2022

EU SEMPRE SOUBE

 ARTE DO ENTRETENIMENTO

Pedro Cosmos

EU SEMPRE SOUBE

 

ROSANE GOFMAN vem com seu espetáculo, monólogo documental para apresentar a falta de humanidade e respeito em relação a esses que a sociedade sempre quis torná-lo invisível, a comunidade GLSBTQIA+, incluindo os próprios familiares que querem ter um modelo de filho “perfeito” extrapolando a sua identidade de gênero, as suas escolhas, a sua vida afetiva e sua maneira de viver em plena contemporaneidade.

 

Em fim, é de grande necessidade que seja apreciado em família, inclusive com seus entes, para que possam enxergar essa grande parcela da população com mais empatia, mais amor e respeito, sobretudo entender que vivemos em país na qual a diversidade se faz presente e necessita ser compreendida e respeitada.

Imagem: Roberto Cardoso


A peça conta a história da jornalista Majô Gonçalo que está lançando o LIVRO EU SEMPRE SOUBE E PALESTRANDO. Em sua primeira aparição pública, nossa protagonista apresenta uma história de amor, do amor mais puro e incondicional que alguém pode sentir. O amor de mãe. Mães capazes de qualquer tipo de sacrifício por amor aos seus filhos. Mães que mediante a realidade dos filhos se reinventam, se reconstroem para manter a dignidade de sua cria. Mães leoas que pulam em cima com garras afiadas daqueles que tentam por preconceito ou ignorância prejudicar seus filhos. Mães pela diversidade, mães dispostas a reorganizar seus lares, suas famílias em respeito e dedicação as escolhas dos filhos.

Imagem: Roberto Cardoso


O texto do excelente artista MÁRCIO AZEVEDO, vencedor do Prêmio Funarte de Dramaturgia, em 2018 ganhou vida e muito merecida na interpretação dessa artista gigante. Também coube ao dramaturgo a função de diretor e foi um ganho perfeito. Deixou Rosane em boas mãos, por imprimir uma direção com muita liberdade deixando a atriz se movimentar livremente, jogar com a plateia brilhantemente e o resultado é de que tudo caminha muito bem.

 

É uma conversa franca e direta com a plateia na qual muitos presentes se sentem inseridos e contemplados com o diálogo e a dialética, permeando a dor das vítimas, os dissabores e o enfrentamento diante de tantas realidades, atrocidades, retrocessos e a falta de olhar mais humano, justo e igualitário.

 

                                                                               Imagem: Roberto Cardoso

É um espetáculo que propõe um grito de alerta ou um pedido de socorro vem ainda para propor muita reflexão, para ser prestigiado por todos, sem didatismo e sem estereótipos, cabendo um debate mais apurado para que alguns desavisados tenham consciência social e que essa transformação seja de um olhar para o outro, ressaltando o respeito acima de tudo.

Vale a pena conferir!

FICHA TÉCNICA:

Direção de produção: Fabio Camara

Músico: Pedro Mendonça

Direção musical e trilha sonora: Tauã de Lorena

Assistente de produção: Lippe

Luz: Aurélio de Simoni

Figurino: Anderson Ferreira

Cenógrafo: José Carlos Vieira

Visagista: Thiogo Andrade

Operador de luz: Jackson Oliveira

Camareira: Lili Santa Rosa

Programação visual: Gabriela Cima

Fotos cartaz: Nanah Garcia

Fotos cena: Roberto Cardoso

Mídias sociais: D2One Social Midia

Assessoria de imprensa: Fabio Camara

Realização: Lugibi Produções Artísticas

SERVIÇO: TEATRO EVA HERZ - Livraria Cultura – Conjunto Nacional - Avenida Paulista 2073 – Cerqueira César – de 03 de Novembro até 08 de Dezembro – Quartas e Quintas às 20h. Informações: 3070-4059 - Ingressos: R$ 60,00 – Duração: 80min aproximadamente. Classificação: 12 anos.

VENDAS PELA INTERNET: https://bileto.sympla.com.br/event/76668/d/158909/s/1056307

HAVIA UM PAÍS AQUI ANTES DO CARNAVAL

 ARTE DO ENTRETENIMENTO

Pedro Cosmos

 

HAVIA UM PAÍS AQUI ANTES DO CARNAVAL

 

Depois da estreia em 03 de novembro, permanecendo até o dia 13, com apresentações gratuitas no TEATRO PAULO EIRÓ, chega a vez do TEATRO CACILDA BECKER, receber de 24 a 27 de novembro, também gratuitamente, a montagem do novo espetáculo do TEATRO KAUS CIA EXPERIMENTAL, com texto inédito primoroso, do dramaturgo RUDINEI BORGES, poético e com dramaticidade plausível, o qual se mostra subitamente ao que veio se fazendo necessário ser prestigiado.

 

“Tudo vem da Terra” e dessa terra surgiu um elenco reunido por dez artistas brilhantes: ALESSANDRA RABELO, ALINE BARACHO, AMÁLIA PEREIRA, EVANDRO NETTO, GABRIEL ALMEIDA, KAROL PIACENTINI, JOEL RODRIGUES, RICARDO MARQUES, RODRIGO LADEIRA E TATIANA TEODORO em interpretações comoventes e irretocáveis, pois esses atores e atrizes estão dando vida a cada palavra do texto com muita genialidade promovendo muita empatia.


                                                                        Fabíola Galvão

 

Segundo o autor: “É uma peça sobre a dor de ser brasileiro nas margens do país. Não é a história dos vencidos. É a história dos que resistem e querem vencer, apesar das intempéries. Vivi parte de minha vida no norte do Brasil, no sudoeste do Pará. A outra parte em vários bairros da imensa cidade de São Paulo. Viajei de ônibus por todas as regiões brasileiras. Assim, me fiz um observador de instantes e territórios imprecisos, mas conversar com as pessoas e ouvi-las me levou à tentativa de compreender a complexidade das existências e vivências”.

 

O trabalho, beneficiado pelo PROAC direto 38/21 da Secretaria de Economia Criativa do Estado de São Paulo, tem direção do competente REGINALDO NASCIMENTO, um dos criadores do grupo e que muito tem fomentado a cena teatral com propostas enriquecedoras, com dramaturgia nacional e da América latina, dentre outras, imprimindo uma direção irretocável, pois tudo funciona a contento.

                                                        

                                                                                            Fabíola Galvão

 

O espetáculo veio para contemplar nosso teatro com um recorte das diversas faces do Brasil, contextualizada com diversas questões sociais, políticas e ambientais e alguns dissabores e indagações que recaem sobre os menos favorecidos, vivenciados em meio a tantas intempéries, a ancestralidade presente dos povos nativos, a cultura afro-brasileira e dos povos africanos, a homenagem ao artista plástico indigenista JAIDER ESBELL, dentre outras homenagens, em um espetáculo brasileiro apresentando um Brasil com tantas brasilidades, com várias questões reflexivas, que carecem de respostas, cuja narrativa é trazida para a contemporaneidade.

 

A narrativa é apresentada “em dez quadros, experiências vivenciadas por diferentes povos nesse Brasil de territórios vastos. A resistência dos territórios ameríndios, o caráter multifacetado dos cenários urbanos e as contradições dos espaços explorados pelo garimpo e destruídos pelas queimadas são alguns temas encenados na peça”.


                                                                     Fabíola Galvão

 

AMÁLIA PEREIRA chama muita atenção na sua interpretação verdadeira, na entrega perfeita a sua personagem, embora valha ressaltar a beleza do embate perfeito envolvendo religião, no qual se vê muita profundidade na pesquisa e na escrita do texto, conduzido com muita classe e discernimento, valendo ressaltar a interpretação plausível da atriz ALESSANDRA RABELO. Em fim, são artistas primorosos e muito bem conduzidos, mostrando o melhor de si, não cabendo aqui imprimir comentários individuais.

 

Ficha Técnica

 

Cenário: Reginaldo Nascimento

Cenotécnico: Fábio Jerônimo

Costureira cenário: Adriana Hitomi

Trilha sonora original: Salloma Salomão e Gui Braz

Pesquisa dos cantos: Reginaldo Nascimento e Karol Piacentini

Música Arreuni: Chico Maranhão

Figurinos e plasticidade estética: Telumi Hellen

Assistente de figurinos/modelista e costureira: Mariana Moraes

Costureira figurinos: Stylo Lia - Galeria do Rocky

Escultura Frei Damião: HD Dimantas

Esculturas bugres: Reginaldo Nascimento

Lighting Designer: Denilson Marques

Orientação de movimento: Wellington Campos

Orientação vocal: William Guedes

Fotos: Fabíola Galvão

Assessoria de imprensa: Amália Pereira

Produção: Kaus Produções Artísticas

Realização: Teatro Kaus Cia Experimental

 

Não deixem de prestigiar essa montagem gratuita e conhecer a força e a contrapartida social que o teatro tem em contribuir com grandes transformações.

 

 

 

SERVIÇO - TEATRO CACILDA BECKER – Rua Tito, 295 – Vila Romana, São Paulo, SP. Telefone: (11) 3864-4513. Capacidade 198 lugares. Bilheteria abre uma hora antes do início do espetáculo. Venda de ingressos antecipados através da plataforma Sympla. Ar-condicionado. Acesso para pessoas com deficiência.

De 24 a 27 de novembro - Quinta a sábado, às 21h. Domingo, às 19h. Ingressos: Gratuitos. Duração: 1h30 minutos. Gênero: Drama narrativo. Recomendação: 12 anos. 

https://www.sympla.com.br/havia-um-pais-aqui-antes-do-carnaval__1763272

 

BERTOLEZA

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