sexta-feira, 16 de março de 2018

A MULHER DE BATH

Pedro Cosmos

A atriz, escritora e dramaturga paulistana Maitê Proença celebra os seus bem sucedidos 40 anos de carreira em alto estilo, contando a história de vida de uma mulher viúva, muito vivida envolta com seus amores incansáveis, seus rancores, paixões e vinganças, suas traições e sua grandeza, seu conhecimento profundo do pecado, da salvação e do espírito humano, das suas artimanhas, usando o sexo como armadilha certeira para obter vantagens sobre os seus homens. A personagem Alice é muito pervertida, ou seja, nada convencional com seus relacionamentos de cinco maridos e em busca do seguinte, apresentando o feminismo de forma bem humorada, moderna e muito popular. Contando com a participação especial no palco do ator e músico Alessandro Persan, apenas para dar alguns suportes técnicos e abrilhantar com a trilha sonora, a atriz segura uma plateia por aproximadamente 90 minutos se sentindo em casa. 

A Mulher de Bath é um dos personagens da obra “Contos da Cantuária”, do escritor e filósofo inglês GEOFFREY CHAUCER, o qual é considerado um das figuras mais importantes da literatura inglesa, escrito por volta de 1380 e e publicados pela primeira vez em 1475. A adaptação coube a JOSÉ FRANCISCO BOTELHO, que primou por uma linguagem muito contemporânea, inspirada na poesia popular brasileira, com rimas sofisticadas e ricamente construídas, deixando as palavras da personagem soarem como música para os ouvidos. A direção de AMIR HADDAD deixou tudo na medida certa, inserindo o espetáculo em uma conversa entre amigos.

Maitê defende: Assim como Dante, Cervantes e Camões, os contos de Chaucer ajudaram a sedimentar a língua, a poesia, a ficção e a oratória de todo um país. “Chaucer teve a audácia e a graça de colocar essa história, que nós transformamos em teatro, na boca de uma mulher, uma viúva libertária. Uma mulher que ama a vida, a alegria, o riso, o sexo, os homens, a diversão. A mulher de Bath é profundamente religiosa e tudo o que faz justifica pela Bíblia. Nela, o sagrado e o profano convivem perfeitamente. Isso resulta divertido e cômico.”

O espetáculo vale apena ser conferido pela eloquência, carisma e jovialidade que a atriz apresenta e por ser uma produção muito bem cuidada.
Fotos divulgação: Daniel Chiacos.

SERVIÇO – TEATRO FAAP - Rua Alagoas, 903, Higienópolis Tel: 3662-7233. 291 lugares – Sexta e sábado: 21h. Dom. 18h. Ingresso: R$ 70,00. Classificação: 16 anos.

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