segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


Pedro Cosmos

QUANDO AS MÁQUINAS PARAM 

Plínio Marcos foi um dramaturgo aquém do seu tempo, considerado o repórter do mal, não se dobrava ao escancarar a realidade nua e crua para dissabores dos poderosos e da elite de plantão.
Há mais de 50 anos atrás, já previa que temas atemporais corroboravam para bons exercícios cênicos, por revelar intrinsecamente o ser humano em diversas vertentes e por extrais em seus textos grande contrapartida social, a qual promove reflexões diversas sobre o ser humano resultando em  interpretações intocáveis.

Escrito em 1967, o texto continua atual pela temática abordando o desemprego, a moralidade, o conformismo, a aceitação ao fracasso, a falta de profissionalização, o orgulho, o enfrentar à realidade, sem deixar de lado o companheirismo, ingredientes estes, fundamentais para tornar o texto “quando as máquinas param” com conflitos suficientes para um grande teatro.

A direção de AUGUSTO ZACCHI, foi certeira e entendeu muito bem nas entrelinhas o que o autor propôs e o exercício cênico foi muito aproveitado pelos atores CAROL CASHIE, intérprete de Nina, em vias com suas costuras e amante das novelas de rádio, dá um show de interpretação comovendo a todos e CESAR BACCAN, vivendo Zé, o marido desempregado, fanático pelo Corinthians, defende brilhantemente as ações propostas, com um texto que tem muito que refletir.


“O texto mostra a dificuldade de Zé em encontrar trabalho, o que torna a relação com Nina, sua esposa, cada vez mais complicada. Nessa situação de penúria, ele revela um lado que ela antes não conhecia”.

A supervisão artística de OSWALDO MENDES  foi um acerto, sendo inquestionável quanto ao conhecimento da obra e evidentemente do autor, o qual deixou o espetáculo sem arestas para ninguém atirar a primeira pedra.

SERVIÇO – TEATRO ALIANÇA FRANCESA Sala Atelier - Rua General Jardim 182 – Vila Buarque. Tel.: 3572-2379. Quinta a sábado: 21h. Domingo, às 19h30. Ingresso: 30,00 até 24/02/19. 12 Anos. Duração: 60 Minutos.

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