COMO TER UMA VIDA QUASE NORMAL

Inspirado no livro COMO TER UMA VIDA NORMAL SENDO LOUCO, de CAMILA FREMDER e JANA ROSA, o monólogo cômico adaptado e dirigido por RAFAEL PRIMOT é estrelado por MONIQUE ALFRADIQUE, em Curta temporada no Teatro Nair Bello.

Ágil, inteligente e engraçado, o texto narra a história de uma mulher moderna, que depois de passar por decepções amorosas, fracassos profissionais e experiências nada convencionais na vida virtual, permanece incansável tentando lidar e sobreviver com seus dilemas contemporâneos (e que no fundo são os de todos nós).

De perto ninguém é normal, frase essa que já é um clichê e embora alguns clichês seja propícia para a comédia, essa acertou em cheio. Viver presa a padrões estipulados pela sociedade é se aprisionar em todas as especificidades e deixar o tempo passar sem aproveitar o que a vida oferece é se torturar intrinsecamente, não satisfeita com essa “normalidade”, a personagem extrapola isso, se fazendo dona de suas escolhas, contextualizando com a contemporaneidade, tem a concepção de que a mulher é dona do próprio umbigo e nesse ínterim, faz muitas mulheres se identificarem com as cenas. E o humor se faz presente.

A direção de PRIMOT é perfeita e MONIQUE, conhecida do público televisivo, é bem vinda ao teatro, dando conta do recado e se mostra uma atriz surpreendente. Tudo funciona a contento e acontece sem passe de mágica. Além de rara beleza, a artista tem um carisma transcendente e total domínio das cenas, deixando a plateia boquiaberta diante das piadas ditas na hora certa, com “time” perfeito e um desempenho corporal (RODRIGO FRAMPTON) invejável.

As personagens ocultas são trazidas à cena com bons diálogos e o tempo se passa imperceptível, sendo uma boa escolha de texto para um monólogo e também sua intérprete.

Vale a pena prestigiar e tirar suas conclusões!

SERVIÇO – TEATRO NAIR BELLO – Shopping Frei Caneca - Rua Frei Caneca, 569, 3° andar - Tel.: 3472-2414 - Sábado: 21h. Domingo: 19h, R$ 60,00. Classificação: 14 anos. Duração: 70 min. Gênero: Comédia. De 11/01 a 16/02/20.

O QUE MANTÉM UM HOMEM VIVO?

Como sobreviver e manter sua humanidade em tempos de miséria, desalento, intolerância, censura, repressão e violência? O que mantém um homem vivo? A pergunta-título da peça é o desafio que Bertolt Brecht propõe ao público através deste espetáculo.

Cada um tem sua percepção e reflexão sobre “ser e estar” no planeta, fazendo o seu próprio juízo, vivendo as intempéries e eventualidades que caem sobre nós, direta ou indiretamente, transportando-nos para muitas contradições sociais, se mostrando totalmente contextualizado com a contemporaneidade.

Roteiro elaborado por Renato Borghi e Esther Góes a partir de textos  de BERTOLT BRECHT, com canções de KURT WEILL, HANNS EISLER, PAUL DESSAU E JARDS MACALÉ, reestreia no TUSP em 16 de janeiro, tendo no elenco RENATO BORGHI, ELCIO NOGUEIRA SEIXAS e GEORGETTE FADEL.

                                                                        Luisa Bonin HV

Renato dispensa todo e qualquer comentário ao seu trabalho justamente por ser um profundo conhecedor de tudo que envolve a obra e se sente familiarizado por ter participado da montagem de sucesso nos anos 70, a qual o projetou como ator de primeira grandeza. Os atores apresentam representação impagável, se alternando em vários personagens e o resultado é plausível.

O roteiro se divide em quatro unidades que tratam de valores fundamentais da humanidade: Bondade, Ciência, Justiça e Amor. A peça conta ainda com um prólogo, um entreato musical e um epílogo, todos abordando temas de discussão emergencial nos dias de hoje: igualdade, liberdade, identidade, solidariedade, educação, entre outros. 

Vale a pena prestigiar e buscar as respostas, sabendo-se que a única certeza vai ser a dúvida.

SERVIÇO – TUSP – Rua Maria Antônia, 294 - Consolação – São Paulo, SP - (Metrô Santa Cecília) Telefone: (11) 3123.5223/5233 - quinta a sábado às 20h30 e domingos às 18h30 - Ingressos: R$20,00 (venda on-line pelo Sympla a partir de 23/12 e na bilheteria do teatro 1 hora antes das apresentações) De 16/01 a 16/02. 100 lugares. Duração: 120 minutos. Classificação: 14 anos.

Pedro Cosmos

BELCHIOR: ANO PASSADO EU MORRI, MAS ESSE ANO EU NÃO MORRO

Depois do sucesso no Rio de Janeiro e em Fortaleza, o musical dirigido por PEDRO CADORE, que também assina os textos em parceria com CLÁUDIA PINTO, chega ao TEATRO LIBERDADE para os fãs matarem um pouco a saudade do cantor BELCHIOR (1946-2017), ao reviver um pouco da vida, da obra e dos pensamentos do cantor e compositor cearense, por meio de uma dramaturgia formada por trechos de entrevistas do próprio artista, somando a momentos poéticos, filosóficos e, sobretudo a boa música.

Os atores PABLO PALEOLOGO e BRUNO SUZANO se alternam nos papéis de Belchior. Enquanto Pablo mostra seu talento como cantor, Bruno é incumbido de nos transportar para a poesia e conhecer um pouco do cotidiano do artista, acompanhados ainda pela participação de uma banda ao vivo com seis músicos: DUDU DIAS (baixo), CACÁ FRANKLIN (percussão), EMÍLIA B. RODRIGUES (bateria), MÔNICA ÁVILA (sax/flauta), NELSINHO FREITAS (teclado) e RICO FARIAS (violão/guitarra).

O teatro se mostra pequeno diante da grandiosidade das canções e das poesias proferidas pelos cantores atores, em um trabalho que deve ser prestigiado por todos, dispensando, contudo emitir algum juízo de valor sobre a qualidade artística. A banda responde todas as expectativas e a simplicidade do espetáculo é o que faz com que tudo se revele a contento, extrapolando o espetacular, ao contrário dos outros musicais apresentados no circuito, este tem seu mérito pela garra e coragem e ousadia de meter a cara em uma produção sem patrocínio e se fazer contemplada tendo casa lotada como a melhor resposta.

O musical chegou em boa hora, seu discurso é totalmente atual “em relação a política brasileira, à liberdade de expressão e ao sentido real da vida”, valendo a pena ser prestigiado pelo artista que foi Belchior e pela trupe que brinda com seu talento e carisma, fazendo manter a boa música eternamente viva.

SERVIÇO – TEATRO LIBERDADE – Rua São Joaquim, 129, Tel.: Sexta e sábado – 21h. Domingo: 18h, apenas nos dias (10,11,12,18 e 19/01) Ingressos a partir de R$ 60,00. Classificação: Livre.